Sua reciclagem pode ser difícil devido às suas propriedades mas existem usinas especializadas nesse tipo de embalagem.
Hoje em dia, não é só o leite que tem o privilégio de ser embalado com recipiente longa vida. É cada vez mais comum que produtos como polpa de tomate, creme de leite, sucos, água de coco e chá sejam revestidos o mesmo material, o que leva os fabricantes como Tetra Pak ou SIG Combibloc a desenvolverem novos tamanhos e formatos para as caixinhas.
A embalagem longa vida, também chamada de embalagem cartonada, possui múltiplas camadas e varia de acordo com o tipo de alimento - a caixa de leite, por exemplo, precisa de seis camadas. Essas camadas passam por um processo de compressão sobre todas as folhas dos diferentes constituintes.
A composição da embalagem de longa vida se dá, basicamente, em:
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75% papel cartão - 2 papéis unidos sem cola, que oferecem suporte mecânico e resistência à embalagem;
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20% de filmes de polietileno (PEBD): impede a umidade e o contato direto do alimento com o alumínio, além de evitar o vazamento;
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5% alumínio: barreira à entrada de luz e oxigênio.
Devido às características mencionadas acima e por ser compacta, é ótima solução para conservação de alimentos, fácil de ser transportada (em razão do espaço e do peso desse tipo de embalagem), sendo a principal escolha dos fabricantes de produtos.
É reciclável
Apesar de ser viável, é difícil reciclar a embalagem cartonada porque ela apresenta diversos componentes prensados que possuem características físicas e químicas diferentes, o que dificulta a separação dos mesmos. Porém, de acordo com os fabricantes, ela ainda pode ser considerada vantajosa, pois no caso da reciclagem de caixa de leite:
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A separação de seus componentes produz 35% composto de plástico/alumínio e 65% de fibra celulósica;
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Uma tonelada de embalagem cartonada produz cerca de 700 kg de papel (o que evitaria o corte de vinte e uma árvores);
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Propicia menor custo na produção.
O processo de reciclagem se dá, primeiramente, em um equipamento que mistura a embalagem e a água, agitando fortemente a mistura durante 30 minutos. Ao longo desse período, as fibras de papel da embalagem são separadas das camadas de plástico e de alumínio e, com isso, se misturam à água. Então as fibras de papel e a água são submetidas a uma peneiração, que separa os dois compostos e retém o plástico com o alumínio, permitindo que a polpa siga para o processo de reaproveitamento e fabricação de papel. Enquanto isso, o plástico e o alumínio, ainda unidos, são retirados do equipamento e levados para outras empresas de reciclagem especializadas na separação desses dois materiais – em alguns casos, eles são reaproveitados ainda unidos.
As fibras podem ser usadas para a fabricação de palmilha para sapatos, papel toalha, embalagens leves, papelão ondulado, caixa de ovos, papel branco e até retornar como embalagem cartonada novamente. O composto de plástico e alumínio também está sendo utilizado para produção de diversos objetos, a exemplo da produção de telhas, que são impermeáveis e resistentes à flexão.
Segundo a associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), existem no Brasil, 20 usinas especializadas na reciclagem de embalagens cartonadas. O hábito de reciclar esse tipo de embalagem, porém, ainda não é forte por aqui.
De acordo com a empresa Datamark, especializada em fornecimento de informações sobre indústrias de embalagem, bens de consumo e insumos industriais, o Brasil consumiu, em 2004, cerca de seis milhões e quinhentas mil embalagens flexíveis, incluindo as embalagens cartonadas. Contudo, o percentual de embalagens cartonadas destinadas a reciclagem foi irrisório: 16%. Em 2008, esse número subiu para 26,6% e em 2011, 27,1% segundo o CEMPRE.
Dicas para descartar, lavar?
É importante descartar os materiais recicláveis limpos para não ocorrer a proliferação de doenças, odores, bem como para evitar a contaminação de itens recicláveis que estejam no mesmo local, pois caso ocorra a contaminação, a reciclagem dos materiais contaminados fica mais difícil. Adicionalmente faz sentido termos o conhecimento que estes materiais são, por muitas vezes, manuseados por pessoas nas cooperativas que praticam a seleção dos objetos. Contudo, é muito difícil retirar o odor e os resquícios do leite ou de outros alimentos e bebidas das embalagens e frascos, o que faz com que gastemos uma quantidade considerável de água, algo pouco razoável em razão de sua escassez bem como soa irracional o uso de água tratada, com requisitos de qualidade elevados para ser potável, obtida a custos cada vez mais altos, exclusivamente para esse fim.
Segundo o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Limpurb), seis toneladas de lixo reciclável não são aproveitadas, diariamente, por não estarem limpas e secas. Para evitar esse desperdício, confira algumas dicas de como lavar sua embalagem com uma pegada mais leve:
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Aproveite a água durante o processo de lavagem da louça;
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Use uma esponja vegetal
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Reutilize a água que sai da máquina de lavar.
As caixinhas de leite, por serem feitas a partir de uma mistura de materiais com propriedades diversas, tornam-se bastante densas, potencialmente ocasionando problemas ambientais se inadequadamente descartadas, pois elas demoram muitos anos para serem decompostas na natureza. Mas, como a embalagem é reciclável, não deixe de fazer a destinação correta. Se tiver dúvida sobre o descarte consciente, em qual das categorias: se papel, plástico, metal opte pelo primeiro, por se tratar o papel do material predominante.
Pontos de reciclagem
Recicle suas embalagens longa vida nos pontos indicados no site http://sucatas.com/portal/reciclagem/pontos_coleta_view/156-Pontos-de-Coleta-0 (há muitos por todas as cidades do Brasil) ou doe para escolas infantis realizarem atividades com as crianças. Como já mencionado, recomenda-se a lavagem das embalagens antes disso, com água de reúso se possível, evitando-se assim o mau cheiro ou atração de insetos