fonte: https://blog.brkambiental.com.br/reciclagem-na-educacao-infantil/
categoria: Coleta Seletiva
Em virtude dos grandes impactos ambientais sofridos pelo planeta, a reciclagem tornou-se um tema cada vez mais importante de ser abordado. Trata-se do gerenciamento de resíduos, que transforma artigos descartados em insumos e garante diversas vantagens ambientais. Por isso, falar de reciclagem na educação infantil é fundamental.
No contexto escolar, a introdução do tema desde os primeiros anos é uma forma de sensibilizar as crianças sobre o cuidado com o meio ambiente. Por meio de ações de sensibilização, é possível atrair o olhar das crianças para a questão e que, a partir disso, elas construam conhecimento e desenvolvam consciência ambiental.
Atividades lúdicas e divertidas são ideais para despertar o interesse da criança sobre a importância do desenvolvimento sustentável e da preocupação com os recursos do planeta. Uma ótima opção são os trabalhos com reciclagem, que possibilitam a descoberta, por meio de suas potencialidades criadoras, e o reaproveitamento do resíduo como matéria-prima. O mais legal é que esse tipo de ação educacional proporciona também efeitos positivos para o meio ambiente e, consequentemente, para todos os seres vivos.
Quer saber como inserir a reciclagem na educação infantil? Acompanhe nosso artigo e saiba as melhores maneiras de abordar o assunto desde a infância. Continue a leitura e confira!
Ter em mente que a reciclagem é um fator que contribui para a redução do impacto ambiental promovido pelo consumo em excesso é o primeiro passo para entender a importância de introduzir o ensinamento desde de cedo.
Em primeiro lugar, é necessário compreender a diferença entre reutilizar e reciclar, já que nas escolas a coleta seletiva (separação de materiais para encaminhá-los ao processo de reciclagem) e a reutilização de materiais são comuns.
A reciclagem consiste em mudar a estrutura dos materiais, reprocessá-los. Por exemplo, ao reprocessar o plástico, passa-se a ter as fibras de poliéster como matéria prima. Já a reutilização está relacionada ao reaproveitamento, seja para o mesmo fim, seja para fins diferentes.
É possível perceber que, em algumas escolas, ao tratarem as questões dos resíduos, trabalham com a confecção de brinquedos a partir de embalagens usadas. É válido, mas é preciso garantir a contextualização da ação e ter cuidado com a falsa impressão de que “as embalagens são boas”. Justamente por conta do impacto ambiental que geram é que devem ser evitadas ou reutilizadas.
Mas, afinal, por que ensinar reciclagem para as crianças? Os trabalhos com reciclagem na educação infantil demonstram, na prática, a relevância da contribuição de cada um na conservação do meio ambiente. Por meio dessas ações, as crianças percebem seu papel como agentes e transformadores do meio e reconhecem os efeitos das suas atitudes no mundo em que vivem.
Além de desenvolver o lado criativo, esse tipo de atividade contribui para a percepção de valores importantes sobre a preservação ambiental e são fundamentais na formação de cidadãos ecologicamente conscientes e responsáveis.
Por se tratar de um tema transversal, a possibilidade de trabalhar com ele de forma natural e integrada permite que o assunto seja trabalhado o quanto antes. Quando tratado com naturalidade, integrado aos demais temas cotidianos da criança, passa a ter mais sentido, mais força.
Viver em um espaço ambientalmente equilibrado é questão de sobrevivência: é esse meio que propicia ar, água, abrigo e alimento a todas as pessoas e demais seres vivos. Dividimos o planeta com outros seres que também dependem e precisam desse ambiente, assim como o ambiente deles. Fato é que nós, humanos, precisamos desse ambiente muito mais do que ele de nós. Por isso é necessário ensinar e estimular o respeito e o cuidado. Cuidar do meio é cuidar da vida. Esse é um processo de interdependência que deve ser resguardado.
Quando o assunto é reciclagem, as questões em torno dela também devem ser abordadas. Trata-se de um caminho que precisa ser percorrido e costurado com intencionalidade educacional para que não fique desconexo e fragmentado: uma ação solta e sem sentido. Essa trajetória deve ser iniciada desde cedo, de forma lúdica e responsável.
A principal dica para inserir o assunto é considerar o conhecimento prévio do aluno e, a partir daí, estabelecer um diálogo sobre o tema, seguindo com práticas que façam conexões com o mundo real.
É fundamental considerar, na hora de preparar essas atividades, a realidade e a identidade da escola e da comunidade em que a criança está inserida. Com base nesses pontos, conhecimento prévio, realidade e identidade, é possível criar muitas possibilidades de abordagem.
O assunto não deve ser tratado como pertencente a determinadas “matérias”. É claro que pode estar mais presente em algumas áreas, mas estamos falando de um tema transversal, que perpassa por diversos âmbitos. Envolver professores de todas as áreas seria o ideal! Se a escola assume esse compromisso, todos os docentes podem, dentro das suas óticas, falar do meio ambiente.
Agora que você já entendeu melhor sobre a importância do trabalho de reciclagem para a educação infantil, é hora de conferir algumas dicas para inserir no cotidiano das crianças.
O ideal é criar um cronograma de atividades com objetivos, indicadores e responsáveis. A partir daí, iniciar um processo, sobretudo educacional, para sensibilizar e engajar o maior número de alunos, pais e funcionários. Mas não esqueça! Essas atividades devem ser pensadas de acordo com a identidade escolar, o Projeto Político Pedagógico, e o perfil das turmas.
Já que os professores são os que mais conhecem a turma, é preciso dar a eles autonomia para que trabalhem os assuntos com seus alunos, por meio de abordagens mais apropriadas. Quando os alunos criam com a mediação dos professores, o resultado costuma ser surpreendente.
Existe um universo de possibilidades de atuação — o ideal é cada escola aproveitar seu espaço e suas especificidades para criar seu próprio trajeto. Além disso, os pais também podem inserir as atividades fora do ambiente escolar.
Confira alguns exemplos a seguir:
Além disso, alguns documentários e filmes podem ser utilizados para ampliar a discussão do tema, de acordo com as idades, como:
Outra oportunidade, no caso de alunos de ensino médio, seria lançar a problemática e o desafio de propor soluções e intervenções para o problema, como a criação de ferramentas que ajudam e motivam, por exemplo o Design Thinking.
Trabalhar com materiais recicláveis pode ser uma boa oportunidade de estimular a criatividade. No caso da confecção de brinquedos, em diversas instituições o professor já determina aquilo que deve ser feito.
No entanto, pode ser mais prazeroso e educativo deixar que os próprios alunos criem e imaginem seus objetos, promovendo, assim, diversidade de resultados, comunicação entre as crianças, segurança, autonomia e criatividade. Desse trabalho saem criações incríveis. Mas, lembre-se: ele deve sempre estar de acordo com a idade dos alunos.
Além dos benefícios cognitivos e comportamentais, a escola pode economizar na compra de matéria-prima para fins similares e ainda garantir benefícios financeiros, caso a instituição opte pela venda desses materiais.
Pensando além dos portões da escola, as questões sociais também se destacam, já que muitas famílias se sustentam com o trabalho realizado nas cooperativas de reciclagem ou informalmente na coleta e venda desses materiais. Sem contar que os conhecimentos construídos pelas crianças são repassados aos familiares, fazendo com que todos repensem e revejam os seus hábitos.
Todo projeto é válido, desde que contextualizado. Realizar atividades desconexas, soltas e fragmentadas é assumir a possibilidade de fracasso. É importante que, em primeiro lugar, a escola assuma esse compromisso. Que todos os profissionais, incluindo a alta administração, estejam engajados e envolvidos.
Temos aí duas vertentes:
Uma boa forma de operacionalizar e manter o projeto é por meio de um ou mais comitês com funcionários, alunos e pais, e de novo: envolvimento e apoio da alta administração escolar.
Sem dúvida, a geração de resíduos é responsável por grande parte dos impactos ambientais sofridos pelo planeta, e a reciclagem ajuda muito em sua diminuição. No entanto, ela também gasta energia, água e emite gases de efeito estufa. Por isso, mais importante que reciclar é estimular o consumo consciente das crianças.
Um relatório divulgado pela WWF informa que o Brasil é o 4º país do mundo que mais gera lixo plástico. Nesse sentido, desenvolver a autonomia, o senso crítico e o pensamento sistêmico deveria ser prioridade em todas as instituições educacionais.
Uma oportunidade excelente de tratar essa e diversas outras questões pertinentes é concentrar os esforços nas metas globais para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) — um plano de ação criado pela ONU que busca promover uma vida digna a todos.
Utilizar as ferramentas do projeto e assumir a responsabilidade pelas metas globais são ótimas alternativas para alcançar sucesso na educação infantil.
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Este conteúdo foi produzido com base na entrevista realizada com Paula Leme Warkentin, Professora e Consultora bióloga e especialista em Educação Ambiental.