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Isso é feito usando primeiro o tratamento biológico para remover a matéria orgânica, depois a microfiltração por membranas de apenas 0,04 mícrons de espessura (cerca de 0,05% da espessura de um cabelo humano) e, finalmente, a desinfecção por luz ultravioleta e cloro, o que torna a água segura para reutilização em aplicações não potáveis, como descarga de vasos sanitários e mictórios, irrigação e lavanderia. O sistema instalado no Fifteen Fifty foi projetado para reciclar 7.500 litros de água por dia, ou até 2,75 milhões de litros por ano.

“O que fizemos foi pegar muitos princípios existentes no mundo das águas residuais e projetá-los para edifícios únicos”, disse Tartakovsky. “Fazemos pela água o que a energia solar fez pela energia, que está deixando de depender apenas de uma grande infraestrutura centralizada”.

A Epic Cleantec diz que o sistema tem outros benefícios: o calor recuperado das águas residuais pode ser usado para pré-aquecer a água quente doméstica, reduzindo os custos de aquecimento, e a matéria orgânica nas águas residuais pode ser usada para produzir produtos naturais do solo, utilizáveis em paisagismo, jardins ou parques.

Uma vista do Fifteen Fifty, em São Francisco, de um jardim próximo, onde as plantas são cultivadas usando resíduos reciclados do sistema de tratamento de água da Epic Cleantec / Epic Cleantec

Uma instalação ocupa, em média, o espaço de algumas vagas de estacionamento, mas é cara – de algumas centenas de milhares de dólares a milhões, dependendo do tamanho do edifício. No entanto, Tartakovsky diz que a estrutura se paga em apenas alguns anos, reduzindo as contas de serviços públicos.

Em São Francisco, desde 2015, todos os novos edifícios com mais de 9 mil metros quadrados são obrigados a ter um sistema de reciclagem de água no local; das poucas dezenas atualmente instaladas, a Epic Cleantec é responsável por cinco.

“É muito senso comum. Por que ainda estamos usando água potável de nossos parques nacionais para dar descarga nos banheiros de nossos funcionários de tecnologia no centro de São Francisco?”, Tartakovsky pergunta. “Cientificamente, essa água geralmente atende ou até excede os padrões de água potável”.

Cortando o uso de água

A Epic Cleantec iniciou seu projeto da cerveja no final de 2022, para os participantes de uma conferência sobre tecnologias de construção sustentável. “Acabamos produzindo pouco mais de 7 mil latas, não como um produto comercial, mas como um esforço educacional”, diz Tartakovsky, usando 2 mil galões de água reciclada. “O objetivo era contar a história do reuso da água de uma maneira nova. Mas, francamente, não prevíamos a tremenda resposta que vimos”.

Cervejas Epic OneWater Brew, da Epic Cleantec, feitas com água reciclada / Epic Cleantec

Embora o sistema da Epic Cleantec não se destine a produzir água para beber, mas regulamentos atualmente permitem a reutilização potável de águas residuais em muitos estados dos EUA, incluindo Califórnia e Texas. Outros estados, incluindo Arizona, Colorado, Flórida, Novo México e Washington, estão atualizando seus regulamentos de reutilização de água.

“A água reciclada já está sendo usada como fonte de água potável em lugares como o sul da Califórnia, Singapura e Austrália”, diz David Sedlak, diretor do Berkeley Water Center da Universidade da Califórnia, Berkeley.

“Todas essas operações dependem de usinas de reciclagem associadas a estações de tratamento de esgoto. Os sistemas de reciclagem de água em escala de edifícios oferecem uma oportunidade para as cidades reduzirem sua dependência da água de rios, lagos e reservatórios – fontes que são vulneráveis às mudanças climáticas. Também oferece oportunidades para economizar energia e reduzir a quantidade de poluentes que as cidades liberam para o meio ambiente”.

Sedlak, que não está envolvido na Epic Cleantec, diz que o sistema de reciclagem de água desenvolvido pela empresa provou que sua tecnologia é um meio viável de reciclar água dentro de edifícios. “É limpa o suficiente para produzir uma cerveja saborosa e certamente é limpa o suficiente para usar na descarga do banheiro e na irrigação do jardim”, acrescenta.

Em 2017, duas cervejarias da Califórnia produziram cervejas de edição limitada feitas de água reciclada para servir em eventos locais. Daniel McCurry, professor assistente de Engenharia Civil e Ambiental da University of Southern California, experimentou uma. “Bebi sem reservas, mas foi feita com água de um projeto municipal de reuso potável em San Diego”, diz.

A bebida é uma cerveja estilo Kölsch – bebida leve originária da Alemanha – e foi feita com água reciclada do Fifteen Fifty, um prédio de apartamentos de luxo de 40 andares em São Francisco / Epic Cleantec

Ele explica que os sistemas municipais para reutilização potável normalmente incluem duas etapas a mais do que os processos da Epic Cleantec – osmose reversa e processos de oxidação avançada/UV – que, segundo McCurry, podem remover contaminantes químicos, como solventes industriais e produtos farmacêuticos “em uma extensão muito maior do que por ultrafiltração, UV e apenas cloro”.

Ser capaz de vender cerveja ou outras bebidas feitas com essa água exigiria outra etapa regulatória, mas não está fora de questão, de acordo com Tartakovsky. “Quando entrei na indústria da água, havia muitos argumentos repetidos de que o público em geral simplesmente não estava pronto para a água reciclada”, diz ele.

“Na indústria, chamamos isso de fator ‘eca’. Há uma percepção mental de que a água reciclada não é tão limpa quanto outras fontes de água. Mas o que costumo lembrar às pessoas é que toda a água deste planeta é reciclada. A água que bebemos hoje é a mesma que foi consumida pelos dinossauros há milhões de anos”.

Ele acrescenta que, apesar de não ser seu foco, a Epic Cleantec já está conversando com algumas das maiores cervejarias do mundo. “Muitas pessoas estão pedindo mais, apenas porque, além de ser uma história ambiental interessante, a cerveja realmente tem um gosto muito bom”, diz ele.

“Você vai começar a ouvir muito mais sobre muitas indústrias diferentes que usam água reciclada para seus produtos. Acho que o céu é o limite para o que podemos fazer”.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.     versão original