Busca

noticias

FT: Superabundância de petroquímicos faz plástico novo ser mais barato do que reciclado


fonte: https://leiaisso.net/jduj3/
categoria: Plástico

 

polietileno.jpg — Foto: Arte/Valor
                   polietileno.jpg — Foto: Arte/Valor
etileno.jpg — Foto: Arte/Valor
                      etileno.jpg — Foto: Arte/Valor

O forte aumento da produção no setor petroquímico na China e nos Estados Unidos levou a um excesso de oferta mundial de produtos químicos industriais usados na fabricação de plásticos e provocou uma redução tão grande no preço dos materiais novos que a alternativa de usar reciclados deixou de ser lucrativa.
A China foi responsável por 60% do aumento de capacidade na área petroquímica em 2023, de acordo com novos números da S&P Global. A produção também explodiu nos EUA por causa do boom do gás de xisto, o que levou a uma oferta excessiva de materiais como o polietileno que não se via desde os anos 1980.
Essa superabundância de plástico virgem representa um desafio para as empresas que tentam reduzir sua dependência de plásticos descartáveis diante de uma regulamentação mais rigorosa e das promessas de governos de reduzirem a poluição por resíduos plásticos.
“O excesso de capacidade petroquímica e a consequente redução de preços do material virgem tornam a vida dos produtores de plásticos reciclados mais difícil”, disse o analista da Agência Internacional de Energia (AIE), Ciarán Healy.
A capacidade de produção de etileno aumentou quase 42 milhões de toneladas no ano passado, em comparação com 2019, enquanto a demanda mundial só cresceu em cerca de 14 milhões de toneladas. O etileno é produzido a partir de hidrocarbonetos derivados do petróleo e do gás natural e é a matéria-prima da qual se faz o polietileno, o plástico mais usado do mundo.
Por causa do excesso de oferta, o setor tem operado bem abaixo de sua capacidade plena. As taxas de utilização mundiais caíram de cerca de 90% em 2019 para menos de 82% em 2023, à medida que os preços despencaram.
Nos EUA, os preços à vista do polietileno de alta densidade (PEAD) virgem, um plástico comum usado em produtos como frascos de xampu, brinquedos e sacolas plásticas, caíram de US$ 1.674 por tonelada em 2021 para US$ 943 dólares em 2023, segundo a S&P.
A superabundância na área dos petroquímicos pôs sob pressão os fabricantes de plásticos reciclados, que enfrentam dificuldades para competir com materiais virgens muito mais baratos. De acordo com a S&P, o preço do PEAD reciclado caiu de forma dramática desde o valor máximo do início deste ano, de US$ 2.954 por tonelada. Mas a US$ 1.631 por tonelada, continua a ser consideravelmente mais caro do que seu equivalente virgem.
 
Antes de 2019, o plástico reciclado costumava ser mais barato do que os produtos virgens. Mas a demanda pelo material disparou quando as empresas de bens de consumo definiram metas para reduzir a dependência de plásticos virgens, na tentativa de reduzir sua pegada de carbono e o lixo plástico.
Walt Hart, principal pesquisador de produtos químicos da S&P, disse que no caso do etileno as taxas de utilização — a quantidade convertida em novos materiais, como plástico — caíram para o nível mais baixo das últimas quatro décadas por causa de “uma expansão excessiva” da capacidade de produção e da desaceleração do crescimento econômico durante e depois da pandemia de covid-19.
Na avaliação de Hart, para elevar os preços do etileno “é necessário fechar permanentemente os ativos não competitivos e cancelar alguns projetos desnecessários”.
De acordo com a AIE, o excesso de capacidade também aumentou a pressão sobre os produtores europeus e asiáticos, pois eles têm custos de produção mais elevados do que os concorrentes na América do Norte e no Oriente Médio, que se beneficiam do acesso às matérias-primas para produzir etanol por um custo baixo.
O declínio da indústria petroquímica europeia foi intensificado pela explosão dos preços depois que os cortes nas exportações russas levaram a uma alta dos custos dos insumos. Em 2022, a Europa produziu 14% dos plásticos de todo o mundo, o que é uma queda com relação a 2012, quando sua participação foi de 20%, segundo a associação representativa do setor Plastics Europe. A participação da China cresceu de 23% para de 32% no mesmo período.
A nova capacidade da China também pôs pressão sobre seus antigos fornecedores, pois o país costumava ser um grande importador de polímeros e fibras sintéticas. A AIE informou que os embarques de produtos petroquímicos para a China vindos do Oriente Médio e de outras partes da Ásia caíram 30% nos primeiros nove meses de 2023.
Mas os maiores produtores de petróleo, como a Arábia Saudita, apostam que a demanda por produtos petroquímicos continuará a crescer mesmo que a demanda por veículos a gasolina diminua, e têm investido na capacidade petroquímica chinesa para garantir mercados de exportação para seu petróleo.
James Wilson, analista sênior do provedor de inteligência de mercado ICIS, disse que o mercado de plásticos reciclados continuará a ter baixo desempenho no futuro próximo. “Com este ambiente de oferta sem precedentes de materiais mais baratos, como é que a reciclagem pode competir? É um ambiente muito mais duro do que observamos em ocasiões anteriores.”

O o preço do PEAD reciclado caiu a US$ 1.631 por tonelada, mas continua a ser consideravelmente mais caro do que seu equivalente virgem. — Foto: Ty Wright/Bloomberg
O o preço do PEAD reciclado caiu a US$ 1.631 por tonelada, mas continua a ser consideravelmente mais caro do que seu equivalente virgem. — Foto: Ty Wright/Bloomberg

© Copyright 2012-2024 - sucatas.com ® | Design Media Farm | Desenvolvimento: Bagus TI Consultoria